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História do Banjo - UM INSTRUMENTO DE ORIGEM AFRICANA

Banjo: Esse simpático Frankenstein

Meu banjo em sua forma original. Hoje ele já passou por
Meu banjo em sua forma original. Hoje ele já passou por “customizações” até ficar do jeitinho que eu queria sua sonoridade.
Braço de um instrumento, corpo de outro, podendo ter a afinação de um terceiro… Tá explicado porque eu fiz referência ao monstro clássico criado por Mary Shelley, entre 1816 e 1817? Sigamos.
O banjo é um instrumento de origem africana. Os negros conseguiam produzir seus instrumentos com facilidade utilizando materiais simples. E, dada a grande quantidade de população africana “enxertada”, nos respectivos países para onde era traficada, o pequeno instrumento acabou – assim como diversos outros elementos oriundos da mesma cultura – sendo adaptado para diferentes usos dentro de diferentes vertentes musicais. Assim foi, nos EUAses, por exemplo, onde ele ficou pelo Blues, Folk e pela típica música Country de lá, assim como veio a ser adaptado e transformado para o Samba.
O banjo, aqui no Brasil, é folcloricamente atribuído a Almir Guineto, suposto responsável pela sua introdução no Samba, através das rodas do Cacique de Ramos, mas há registros bem anteriores (de Oneida Alvarenga, 1938) com fotos de banjos já no formato atual. Além do que, o próprio pai de Guineto já tocava banjo nos sambas que freqüentava. Almir sim, foi quem popularizou o ‘banjo cavaco’ lá no Cacique (embora eu tenha lido em algum lugar, que não lembro, que ele já havia tentado tal intento em sua rápida passagem pelos Originais do Samba). Mas, tudo acontece porque tem que acontecer, e Almir levou seu banjo na hora certa pro lugar certo, já que dali, Beth Carvalho levaria o Fundo de Quintal pra gravar com ela em seu disco De pé no chão. Isso fez a cama perfeita pra Arlindo Cruz deitar e rolar com sua também característica – e influente – dinâmica de tocar o banjo.
Assim como o tantã, o banjo é um instrumento de outro gênero musical, que adaptado para o Samba, trouxe uma nova dinâmica, proporcio-nando novas modalidades de se tocar e até de compor. Ou seja, enriqueceu de maneira relevante a arte popular do nosso chão. Mas sobre o tantã, eu falo depois em outro post, eu quero falar agora do que me fascina nesse instrumento percussivo de cordas. Ele tem braço de cavaco, cordas de cavaco e um couro, como se fosse um mini tambor, ou quem sabe, um pandeiro (já conheci casos de quem tenha timbrado couro de pandeiro num banjo). Seu som é percussivo, abafado e de timbre característico (quando o couro é natural, já que o sintético amplia um som mais puxado pro cavaco).
Fernando Garcia, Sagatiba.
Uma caixa com cordas ou um cavaco ‘encourado’? Vai saber, o negócio é que depois que Almir Guineto usou seu banjo pra fazer seu som – não desaparecendo, como fica o próprio cavaco na roda de samba sem amplificação – a efervescência daquele momento lançou a novidade pro Brasil todo e, hoje em dia, é difícil achar um grupo de pagode (pagode de verdade) que não tenha a dobradinha banjo/cavaco. Na verdade, tem muito mela-cueca por aí que traz o banjo em sua configuração, mesmo que você nem ouça o ‘quá-quá’ repicado do querido instrumento. Querido, e, nesses casos, banalizado.

Atualização em 04/05/2015
Quando eu falo que Guineto popularizou, mas NÃO CRIOU o banjo adaptado para o samba. Repare que essa foto é bem anterior a qualquer momento contemporâneo do Samba. E olha lá na segunda fileira de baixo pra cima, um banjo representando lá. Foto divulgando um evento sobre história do Samba paulista no Cedem, Centro de Documentação e Memória, da UNESP. A seguir:
Fonte>:https://raizdosambaemfoco.wordpress.com/2012/12/06/banjo-esse-simpatico-frankenstein/

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